Há quanto tempo tudo perdeu a graça?
Vago da cama para o trabalho e da cadeira para casa
Nem mesmo paro para contemplar a cor do céu
E, na minha saliva, desapareceu até o gosto de fel
Ano após ano, enquanto vou desexistindo
Sinto-me acorrentada ao leito da morte sem nunca ter vivido
Dinheiro, posse, vínculos e títulos. Nada me faz feliz
Ainda assim, forço os lábios para, dentre os outros, sorri
No entanto, há mais de um ano, tudo perdeu a graça
Virando-me na minha cama. Não quero sair de casa.
Até mesmo o cinza que coloria minha vida se esgotou
Mesmo assim, devo seguir, prosseguir neste estado de torpor