Tempo, tempo, tempo, tempo, só tu és capaz de explicar um grande amor.
Forjado em suas entranhas. Pronto pra qualquer façanha, pelo delírio de amar.
Há três meses embarquei nessa viagem, tendo apenas na bagagem, dúvidas, incertezas e medo.
Revelado o segredo, veio a confirmação e a certeza de que não existe o impossível, no verdadeiro, atemporal, fugaz e inigmático tempo do amor.
Meu relógio roda ao contrário, quando estou com você. Cada dia equivale a um mês ou até mais.
Antes de você, o tempo passava por mim. Eu inerte, apático, adormecido e cansado da reprise do mesmo enredo, só olhava a festa do tempo. Como um convidado triste, que não sabe dançar.
Todo dia, todo o tempo, tudo tão igual. Não distinguia o ontem, hoje ou amanhã. Tudo fazia parte da mesma diabólica trama do destino.
Aí de repente surgiu você, com vários potes de tinta e coloriu minha vida.
Cada dia uma aventura, um mergulho, mil sensações. Uma aquarela. Azul, vermelha, amarela. Cores vivas ou não.
Os sentidos, sem sentidos, voltaram a provar emoções. Seu cheiro me acordou, seu calor me enlouqueceu, seu hálito, como um sopro, meu fogo reacendeu. Seu olhar emprestado, descortinou um horizonte, onde antes havia nuvens, opacas e cinzas calcinantes.
Peguei em sua mão e fui, como um náufrago, bem sedento, que se agarra a última tábua de salvação. Você me salvou.
Gritei para o universo, firmando o entendimento de que o tempo, meu algoz implacável, apiedou-se de mim e resoluto sentenciou: te darei nova chance. Apegue-se a ela ou morra, como um verme covarde
Acreditei, me agarrei, firmei compromisso, comigo, você e o tempo. Não vou desperdiçar nem mais um segundo, vivendo uma vida vazia e cíclica.
Cada dia viverei como se fosse o último. Correndo, caminhando, cantando, dançando, sofrendo, lutando, amando, poetizando e experimentando tudo que a vida me oferecer.
Obrigado, meu algoz, meu amigo, meu tempo, tempo, tempo, tempo.