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Marçal de Oliveira Huoya

Vésperas

Vésperas

 

À noite

Para dormir

Ele inventava sonhos

Para que pudesse se embalar

Para poder se distrair

No tempo em que o futuro ainda era um sentimento risonho

E o seu olhar ao horizonte era comum

Ainda muito vago

E que tudo iria continuar a se repetir

Pois então agora, um sonho era raro

Eram poucos ou quase nenhum

Fragmentos de um cotidiano avaro

De modo que agora dormia sem afago

E o sono custava a chegar

Ansioso, esperava seu pensamento noturno

Salto da razão para o insensato

Aguardava a transição anunciada pelo absurdo

Da consciência para a inconsciência

Até a sua ausência do imediato

Mas agora sua alma se quedava inquieta

E os seus pensamentos eram incompletos

Sua curva não era mais reta

Seu passaporte era a visão do teto...