CONTRADITÓRIO
Não é o amor que me comove
Nem a ilusão dos poetas é o que me move.
Não me enlouquece as dores de parto de uma paixão
Nem o surrealismo
De uma poesia romântica
Não me prendo
Ao encanto das flores amontoadas em seus galhos
Nem na pureza das folhas molhadas de orvalhos.
O que me comove é o ódio e sua dureza.
É a hipocrisia
Vestida em delicadeza
E o homem perdendo sua pureza.
O que me comove
É a filosofia mentirosa e sem estética
Como os abutres a devorar a vida
Sem usar o princípio nem a ética.
Não me comove os amores tolos
Nem a paixão devoradora dos menestréis
Comovo-me com os homens e seus dolos
E suas depreciações cruéis.
Suas mentiras abomináveis
E seus amores infiéis
Que escondem embaixo do chapéu
Para exibí - los depois como troféu.