Edla Marinho

TRAVAS

Travas...

Sempre tive vontade, de entender essa tristeza, que carrega teu sorriso lindo.
Priva-me de receber o sol, nele contido...
Guardas o peso do desconhecido
Travando batalhas, muitas vezes sem sentido...
O queria livre, aqui comigo...
Seríamos, a loucura e o perigo... Duas combinações as quais considero  aventura, o poder de contar apenas com o sentido...
O tempo passa, leva tudo. Daqui há pouco, nada foi, nem será possível...
Só restará a tristeza e o sonho perdido...
Onde, mora teu sorriso...
( Ema Machado)

Colocamos,sem querer,na vida
Muitas travas ao longo da estrada,na lida.

Agimos, incoerentemente ,sem notar,
Pensamos até que isso alguém  vai observar
Pretende_ se atingir alguém por vias tortas
Um exemplo disso vou aqui me referir
Mesmo que tal coisa faça alguém rir.
Ter ressentimento de alguém,olhe bem:
É como tomar veneno e esperar
Que a outra pessoa vá morrer! Que desdém,
Você pode esperar,se  lhe convém
sentado ou em pé,pois ela  não perecerá!.
Isso é como esperar que gostem da verdade
quando ela aparece nua e crua.
Todos a aplaudem sim,
mas só quando ela vem
. disfarçada!
(Maria Dorta)

A palavra trava me remete a treva
Lugar este que não faço gosto
Minha tristeza é imensurável
Um arco- iris em preto e branco
Entre trava, treva e trevo
Vislumbro uma  saída
Sem trauma, sem drama
Falando sério, sou ávido 
De sentimentos
Famélicos, por  trigo e tréguas 
Sim, sou assim meio desajeitado
Jacketa velha, jeans surrados
Pensamentos desordenados
Um velho deselegante
Escasso de trato
Tenho minhas travas
Atracadas em meu cais.
   (Shimul) 

Muitas vezes me senti triste
Amedrontada, travada
O dedo da vida em riste
Fazendo - me deixar de ser eu
As palavras  contidas, envergonhadas 
Muitas vezes meu céu escureceu 
Ofuscando o sol dos meus olhos 
Quantos fados chorei e meu pranto 
Encharcou de dor o meu sorriso 
Tantas e tantas vezes foi preciso 
Engolir meu medo 
Ruminar o sentimento 
Guardar em segredo 
A vontade de me desnudar 
Rasgar as vestes da covardia 
Soltar o verbo e gritar minha verdade... 
Mas me destravei em poesia 
Quebrei as algemas, sem fantasia 
Encarando de frente a realidade 
Às travas eu disse adeus 
E abracei a liberdade. 
  (Edla Marinho) 

Tenho meus medos
Por isso travo
Me acabo
Nos ais de todos os dias
Que morro, por isso travo
Nas tristezas, nas dúvidas
E nas dores
Mas me renovo todo tempo
Em cada sentir
Nos entraves do dia a dia
Faço poesia
E deixo que os laços 
Sejam laços e não embaraços
E que tudo que pesa que trave
Destrave no calor de quem sabe
Que sentir tantos entraves
É bobagem
O que preciso mesmo é de coragem. 
(NeivaDirceu)

Há travas nas lembranças 
E o que sobra realmente para o hoje 
E o lamento desesperado
Sem dias marcados
Em ter a preocupação preciosa
Dos piões, balões, toda colorida papagaiada que preenchiam o azul do céu 
Cadê o carrinho que arranhava o asfalto Em quatro rodas cromadas 
Cadê as bolinhas de gude elegantes,
Meus parentes que só nas fotos encontro,
Ficaram  emudecidos  com o tempo 
Não se despediram ?
Se trancaram  na memória de Deus
Com muitas fechaduras.
Trancas ocultas...
Mundo   cheio de invenções,  
Há  felicitações ? É claro que sim !
Inclusive para novas guerras
A humanidade sim evoluiu
Sem diminuir a frieza humana  !
Sou deste tempo, um expectador trancado .
  (Corassis) 

Uma tristeza que não se entende
Uma vontade que se compreende
Ainda com o medo que oprime e trava
Que nos reprime e nos poda a asa
Ainda assim sempre queria ir adiante
Aproveitar cada instante
Queria ainda teu sorriso lindo
Acalentar-me no teu calor
O que impediu meu mundo 
De ser o universo da tua liberdade?
Talvez evitando-se a loucura
Criando distâncias sem viagem
Sobrelevando o perigo em desventura
Alargando o abismo do não-viver
Talvez por escolher temer
Agora uma história sem trama
Um conto mudo, um drama
Ser mera ilusão de querer
Ser saudade em vão
Ser uma página vazia 
Da inspiração abortada
Em triste poesia...
  (Hébron) 

N\'um pensamento esquálido os desejos alegres se esvaem
O negro ácido abastece o sistema e me faz miopia 
A curva do Sol não ilumina mais a janela fechada
A matemática retirou de tudo a beleza! Destruiu
Viciante, n\'um tubo de ensaio ela floriu
Travas sustentam o esquema e forjam as cabeças 
Já não se sentem mais os perfumes das flores
Nem mesmo a leveza do agudo som do violino se pode ouvir 
Longínquo ficou o mosaico de cores do vale das borboletas
Preciso é manter a mente quieta e no lago do amor mergulhar
Libertar-se das travas que impedem ir ao lugar comum
Onde o céu é azul, assim, a vida poder alegrar.
   (Cláudio Reis) 

 

Poetas colibris

01/09/2021