Rui Ferreira

Gente com alma de mar

Nem as tormentas das águas selvagens do atlântico

Nem as de nenhum outro qualquer mar deste mundo

Vergaram a determinação do povo lusitano, ousado

Tampouco venceram este sentimento profundo

 

De as águas revoltosas e salgadas, marear

Em nome de Deus e de um povo, determinado

Sequioso de conhecimento e conquistas além-mar

Em perfeita simbiose com o elemento enfrentado

 

Povo de terra e de mar, de fé e de saudade

Impelido pelas velas enfunadas de esperança

Enfrentou monstros, crenças e dogmas de verdade

E fundeou naus em terras que o olhar não alcança

 

Nobre povo imortal, que descobristes o mundo novo

Especiarias, sedas e pedras preciosas, ó fortuna ilusão

De entre os povos te tornaste num só povo

Mas perdeste-te no ouro negro, agrilhoados no porão

 

Séculos se esfumaram, leis e costumes foram alterados

Legado da expressão deixado a um povo novo, abandonado

Altivo, poderoso, de tez escura e sotaques variados

Que apesar de vencido, nunca foi quebrado

 

O lusitano que ao mar se lançou e abraçou o mundo

Não se aquieta nem se conforma, antes se agita

Como a força das ondas, se levanta num só segundo

Adapta-se e transforma-se, assim Deus o permita.