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Rui Ferreira

Triste fado

Quis este meu triste fado
Que no embalo de um sonho falhado
Me tornasse em algo que não sou
Sou esboço não desenhado, mera pintura que borrou


Ator de um sonho não sonhado, espectro de alguém que nunca voltou
Figurante de um pesadelo inacabado, aprendiz de feiticeiro que nunca se revelou.
Do nada um raio de luz rasgou o negrume
E tu chegaste radiante, ameaçando este velho costume


De permanecer na penumbra, sombrio
Acossado por velhas lembranças, fortes como um rio.
E da noite se fez dia, das trevas se fez luz
Hoje sou quem não fui, nem sequer fui o que supus


Não fosses tu, ó minha linda feiticeira
Trazer-me à luz da tua fogueira
E deambularia deslembrado por aí, esquecido
Solitário, desapaixonado, perpetuamente vencido.\"