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Sirukyps

Pausa para água

Mergulhando a cabeça na pia,

De olhos fechados, aguardo terminar o dia.

Quem precisa respirar?

A falta de oxigênio não me permite pensar

Nem na possível resposta, ou no problema

O qual, parado a porta, aguarda-me ecoando o dilema

Que eu quero tanto, mais tanto, esquecer!

Afundando a cabeça na pia, eu poderia...

Meus gritos de desespero são bolhas inaudíveis.

O ralo poderia me sugar ou qualquer outra destas coisas impossíveis.

Toparia um pacto esdrúxulo para, daqui, não sair.

Mas, não importa, eu tenho que ir.

Quando levanto, dois minutos e dezesseis segundos se passaram

Exibo o meu melhor sorriso, aquele de solo arado.

Que, com empenho, ferros e animais puxaram

Dói pensar que o meu rosto enxugará.

Pois, pelo menos, molhada.

As lágrimas podem ficar por lá.

Fitando o espelho, questiono-me o porquê de estar aqui.

Mas, batendo a porta, o meu problema apressa.

Agora, nada importa, eu só devo ir.