O nordeste seco dá
vida à morte
num ensaio literário.
Estúpida e cruel
a saga severina
de um triste operário.
Em cada passo alcançado
mais próximo da água
lavada em prova,
os olhos se arregalam
com a tristeza ofegante
de mais uma aberta cova.
Nos caminhos do deleite,
sobram trechos de rio seco
envoltos em solidão,
numa música espantada
de ouvir... em alegria ?
- Não ! Só morte em profusão.
E até chegar à lama
ou ao inconsciente
do destino em desatino,
não há preguiça que dê jeito,
mesmo num estufar de peito:
- Faço tudo e até ensino !
De que vale
o conhecer lavra-terra
plantar-colher-sabe-lá-o-quê,
se não há nada
que se semeie
neste mundo de nascer-ou-morrer.
E mesmo na pedra bendita,
barulhenta, de carros, buzinas,
há histórias de corpos esperados,
socorro nos mangues,
favelas, sorrisos banguelas,
de estranhos achados.
Um sopro bate na incerteza
de seguir a vida,
- Que proeza !
sem qualquer motivo;
mas, um choro se escuta,
numa festa harmoniosa, pobre,
decente, matuta,
de mais um sonho vivo.
E por fim, um ensinamento vale,
de que a esperança
é bandeira sóbria
da garra e fé nordestina,
nem que falte água p´ra beber,
fruto p´ra comer,
reflete o sol:
da morte e vida,
vida e morte...
- Severina !?