Javier Jimenez

Migalhas

Achei coragem... fui determinante na decisão tomada, 
Pelo menos isso pensei, 
Te apagar da minha vida, por amor próprio, precisava, 
Mais uma vez... me enganei, 
Números, contatos, perfis e status... Te suprimir da minha mente,
Oh... Que ousadia!, 
Qualquer resquício que me fizesse te procurar incessantemente,
Não preciso mais de ti... Ironia!. 

Isso de suplicar atenção, na tua vida era algo impertinente, 
Sempre inoportuno, sempre a destempo, 
Com a própria dignidade até deixei de ser condescendente, 
Me suprimindo, me perdendo no tempo. 

Precisava disto, voltar a respirar, voltar a ter... paz? 
Estava sendo difícil respirar o Ar... onde já não estás 
Substituir teus lábios, teu sorriso, tua pele, substituir teus abraços, 
Substituir teu olhar, teu calor, tua ausência, substituir teus amassos. 

Porém.... me surpreendo mais uma vez, na solidão, na melancolia, 
Mais uma madrugada... sem retorno, sem rumo, rabiscando poesia, 
Inspirado na dor, no amor, na carência, inspirado em ti, na tua partida, 
Tentando me convencer que preciso te esquecer, procurando uma saída. 

E daí? 
Me fiz um catador de resquícios, conformado com fragmentos, com sobras. 

Me conformei, 
Com preencher minha alma com os beijos que te sobraram, 
Com as lembranças, com o passado, momentos que acabaram, 
Após uma frase alegre, não ter o retorno do teu sorriso, 
Após cada dia, desenhar tuas lembranças de improviso. 

Me conformei, 
Com os remanescentes do teu tempo,  do teu olhar no meu, 
Com te pensar, consumir o meu tempo para não tirar do teu, 
Com teu passado, o que já foi e não precisas mais na tua mente, 
Para não tirar tempo do teu presente, aonde agora estou ausente. 

Me conformei... com o Ar que exalas, apenas para te sentir, 
Com tirar a agonia das minhas mãos com o roçar da tua pele... 

Perdi o rumo, o ser, o amor próprio... A razão, 
Hoje... apenas as migalhas aquecem meu coração...