Elfrans Silva

SE ACASO EU MORRER LONGE DE TI

 

SE ACASO EU MORRER LONGE DE TI


Não tenho certeza de nada 
Tampouco acredito em tudo
Vivi maus bocados na estrada
Ao me enveredar pelo mundo
Jaqueta de couro surrada
Indigo blue... cabeludo ! 

Tatuagem no meio da costa 
(que a mãe diz ser de nascença
Queria comer do que gosta
Ainda existe essa crença)
Já que não fica à mostra
Pra mim não faz diferença 

O berço da natalidade
Há muitas milhas ficou
Com baixa escolaridade
O primeiro sonho frustrou 
Sem grana pra faculdade
Não me formei em \"doutor\" 

A cidade ninguém animava
E pouco comércio havia
Igreja onde o povo rezava
Farmácia, bar e padaria
Quartel que o reco engajava
Terminal e a delegacia 

No primeiro emprego fichado
Fui agente rodoviário
Elegante e uniformizado
Mas, não agradava o salário 
Restava viver conformado
Já que só tinha o primário 

Assim, conquistei o respeito
O qual não trocava por nada 
Com dezoito anos já feito 
Dei início a vida sonhada 
Como homem teria o direito 
De ter também namorada 

Distante do teu aconchego 
Não culpo o povo e a cidade
Mas, vezes por outra me pego
Rimando na mentalidade
Em versos então te entrego
Um tanto de tanta saudade! 

Assim, desenhei meu destino
Colhi ao plantar a semente
E hoje, somente imagino 
Como tu cresceu de repente 
Da lição guardei o ensino:
Somos quem somos dentro da gente 

Jamais disse adeus à cidade
Dos amigos não me despedi 
Um dia, talvez, mate a saudade
Da felicidade que aí conheci 
Deus me perdoe na eternidade
Se acaso eu morrer longe de ti 

  ( à cidade de Francisco Beltrão,
        onde vivi minha juventude )