SE ACASO EU MORRER LONGE DE TI
Não tenho certeza de nada
Tampouco acredito em tudo
Vivi maus bocados na estrada
Ao me enveredar pelo mundo
Jaqueta de couro surrada
Indigo blue... cabeludo !
Tatuagem no meio da costa
(que a mãe diz ser de nascença
Queria comer do que gosta
Ainda existe essa crença)
Já que não fica à mostra
Pra mim não faz diferença
O berço da natalidade
Há muitas milhas ficou
Com baixa escolaridade
O primeiro sonho frustrou
Sem grana pra faculdade
Não me formei em \"doutor\"
A cidade ninguém animava
E pouco comércio havia
Igreja onde o povo rezava
Farmácia, bar e padaria
Quartel que o reco engajava
Terminal e a delegacia
No primeiro emprego fichado
Fui agente rodoviário
Elegante e uniformizado
Mas, não agradava o salário
Restava viver conformado
Já que só tinha o primário
Assim, conquistei o respeito
O qual não trocava por nada
Com dezoito anos já feito
Dei início a vida sonhada
Como homem teria o direito
De ter também namorada
Distante do teu aconchego
Não culpo o povo e a cidade
Mas, vezes por outra me pego
Rimando na mentalidade
Em versos então te entrego
Um tanto de tanta saudade!
Assim, desenhei meu destino
Colhi ao plantar a semente
E hoje, somente imagino
Como tu cresceu de repente
Da lição guardei o ensino:
Somos quem somos dentro da gente
Jamais disse adeus à cidade
Dos amigos não me despedi
Um dia, talvez, mate a saudade
Da felicidade que aí conheci
Deus me perdoe na eternidade
Se acaso eu morrer longe de ti
( à cidade de Francisco Beltrão,
onde vivi minha juventude )