Vlad Paganini

SANGRA

SANGRA

Sangra as raízes do meu jardim

Os meus ais de mim

Sangra a angústia que me toma o peito

Minhas mãos úmidas num calor quente

Minha cabeça esvaindo em sangue ardente

 

Sangra os meus versos sobre o papel

Sangra todo o meu manto em todos meus prantos

Sangra a covardia que te invade!

No campo do teu universo humano

Chegando até ser desumano!

 

Sangra a Poesia!

Sangra todo o tipo de convulsão

Toda a violação que fizestes em meu coração

 

Sangra, sangra tudo!

Sangra tudo que carrego comigo, apesar de tudo!

Sangra o que não tem mais jeito

Perdi o teu amor

Sangrastes até o meu respeito!

 

Sangra, sangra tudo que tiver que sangrar

O meu amor solitário

A fome que sinto dos esfomeados

Esse amor mendigo

Pungente e insano

Sangra e chora a dor da solidão

Que carrego comigo

 

Sangra a poesia em sangue

Sobre meu papel sedento de fome

Chora, grita e implora

A flor que em mim desabrochava

O brilhar do sol e da lua

A tua alma e teu corpo

Saudosos em minha pele nua

 

Que estanque o sangue

De todos os meus prantos

Marcas em meu corpo

Que deixastes dilaceradas por tua fraqueza

Por tua partida

Sangrando em todas as minhas feridas

 

Que minha poesia agora caminhe pra rua

Me liberte dessa dor

Estancando tudo que em mim inflama

 

Sangra sangrando o meu despertar

A encontrar nas noites e nas madrugadas

Novos bosques e jardins

Por entre outros campos um outro perfume

Todo a fragrância de amor que exalo em mim

 

Desejando encontrar em outra cama

Na essência da minha pele nua

O brilhar do sol

E em meus lençóis o luar prateado da lua

Vlad Paganini

 

Sangrei a dor de gritar a minha e a tua dor

Sangrei na Poesia!

Curei a ferida que em mim escorria

Sangrei nesses versos essa dor que é só minha!

 

A tua deve sangrar até hoje!

Em busca de uma paz

Que só encontrarás

Quando abraçar com tuas mãos

Cada pedaço de mim

E entregar definitivamente o teu coração!