SANGRA
Sangra as raízes do meu jardim
Os meus ais de mim
Sangra a angústia que me toma o peito
Minhas mãos úmidas num calor quente
Minha cabeça esvaindo em sangue ardente
Sangra os meus versos sobre o papel
Sangra todo o meu manto em todos meus prantos
Sangra a covardia que te invade!
No campo do teu universo humano
Chegando até ser desumano!
Sangra a Poesia!
Sangra todo o tipo de convulsão
Toda a violação que fizestes em meu coração
Sangra, sangra tudo!
Sangra tudo que carrego comigo, apesar de tudo!
Sangra o que não tem mais jeito
Perdi o teu amor
Sangrastes até o meu respeito!
Sangra, sangra tudo que tiver que sangrar
O meu amor solitário
A fome que sinto dos esfomeados
Esse amor mendigo
Pungente e insano
Sangra e chora a dor da solidão
Que carrego comigo
Sangra a poesia em sangue
Sobre meu papel sedento de fome
Chora, grita e implora
A flor que em mim desabrochava
O brilhar do sol e da lua
A tua alma e teu corpo
Saudosos em minha pele nua
Que estanque o sangue
De todos os meus prantos
Marcas em meu corpo
Que deixastes dilaceradas por tua fraqueza
Por tua partida
Sangrando em todas as minhas feridas
Que minha poesia agora caminhe pra rua
Me liberte dessa dor
Estancando tudo que em mim inflama
Sangra sangrando o meu despertar
A encontrar nas noites e nas madrugadas
Novos bosques e jardins
Por entre outros campos um outro perfume
Todo a fragrância de amor que exalo em mim
Desejando encontrar em outra cama
Na essência da minha pele nua
O brilhar do sol
E em meus lençóis o luar prateado da lua
Vlad Paganini
Sangrei a dor de gritar a minha e a tua dor
Sangrei na Poesia!
Curei a ferida que em mim escorria
Sangrei nesses versos essa dor que é só minha!
A tua deve sangrar até hoje!
Em busca de uma paz
Que só encontrarás
Quando abraçar com tuas mãos
Cada pedaço de mim
E entregar definitivamente o teu coração!