Te trago flores com dores
Que não murcham nas estrelas aladas
Que bebem água nas alturas do teu orgulho
Que jamais secam ao vento do velho.
Te deixo expandir as flores
Quando as ondas forem distantes
Nos altares e oferendas da saudade
Porque criança sou quando corta--las.
Permito andares nas flores
No meio do oceano Pacífico elas pairam,
Na geografia do teu espelho amargo
Por um minuto caminho amado.
Te trago flores cadentes
Perversamente fragrâncias algemadas
Sem leite do som que te alimenta o brilho
Somente paz sem me dar silêncio.
Eu deixo quieto as flores
Entre beijos e repulsa atrasadas
Me repele como imã invertido
Me repete como cópia impressa
E eu marco as flores
O amor já sicatrizado no armário
A tatuagem que no sangue se fez imagem
O que mais desejava ver morar na tua pele.
Te trago flores amarradas
De cores secretas na caixa preta
Do cheiro impreciso que arrasta ideias
Desmaio durante o tempo das flores.
Eu te empresto flores da gaiola
Do Jardim de concreto armado
Pura gravidade que espanca a alma
Eu deixo o corpo vivo como lembrança.
Te trago flores calejadas
Armadas de saudade como carta velha
Te empresto flores heretas e cativas
Que não olham para baixo do solo.
Então te trago flores derretidas
Embriagadas de saudade retardada
Te mostro flores distorcidas como amas
Que mentem ser flores
Defasadas no perfume
Desastradas na raiz
Desnudadas no solo
Desmanchadas de cores.
Te trago flores de todo tipo
Flores cansadas de serem flores...