... queria eu
Queria eu que o nunca
Pra nunca mais existisse
Queria eu que o nunca
Pra nunca mais
as mazelas de um nunca
O nunca mais permitisse!!!
Mas permite!!!!
E
O nunca mais
existe!!!!
E se mostra irreverente!!!
Vai virando do avesso
Toda zona de conforto
Paciente!!!
Parece resiliente!!!
E
Silencia toda gente!!!!
Melhor seria então
Não olhar
Não constatar
E
Esse nunca
Não se vê
Mas o nunca está aí
Impossível de deter
Segue ele em desalinho
Arrastando tudo que está,
Saudável,
no seu caminho!!!!
E
Quando o nunca
Se transmuta?
Não é mais um vai e vem?
vai cavando um túnel longo
Sem luzes pra iluminar?
sem via pra retornar?.
E
Quando o nunca arrebata
O movimento
Retira do hoje a força
Força o braço a nunca mais
um brinde poder brindar?
E
Quando o nunca
desvirtua o pensamento
Desativa o sonar
Vai rompendo ligamentos
Para um neto nos seus braços
Nunca mais poder ninar?
E
quando o nunca
Vai ceifando movimentos
Neutraliza o alento
Desaprende que um pé deve ir atrás
e o outro ir na frente
E poda o caminhar?
E
quando o nunca
Não permite
A rodilha enrolar e a lata d\'água
Com firmeza
Na cabeça carregar?
E
Quando o nunca
Não permite nunca mais
A alegria retratar
Para, na posteridade,
A família recordar?
E quando o nunca
Não permite
o dia do aniversario
Para o agora guardar?
Não o permite reter!!!
O deixa
Solto no ar!?
Pra nunca mais segurar!!!?!
E quando o nunca se mostra
Real....a real dicotomia
Vem
e pra nunca mais
Transforma
o nunca
O riso
Em melancolia?
... queria eu que o nunca
Pra nunca mais existisse
Pra sempre, de si, olvidasse
E nunca mais interferisse
Sim.
Queria eu
Queria eu que o nunca
Nunca podasse um movimento
Nunca permitisse
à vivacidade
Cair no esquecimento
Queria eu que o nunca
Nunca podasse as asas
De quem veio a este mundo
Livre para voar
Por aí
De casa em casa
Livremente
continuar a circular
Queria sim
Que o nunca
Nunca retirasse o brilho
Do olhar de quem nasceu
Pra nunca deixar que um filho
Convivesse, lentamente
Com um regresso apogeu.
Queria por fim
Que esse dia
Que emana luz e beleza
Retivesse a alegria
De remadores incansáveis
Que remam
Para vencerem
a invencível
correnteza