Você foi embora
E levou no bolso a chave do cadeado dos grilhões
Que prendiam, eu e o meu coração, a você,
Sem nem me dizer adeus
Você me deixou e eu estava preso,
Não ouvi o seu silêncio nunca mais,
Nem senti o seu rosto encoberto pela distância;
As minhas juras de amor ficaram sem eco
E o meu coração provou do prato amargo da solidão;
O céu fechou-se,
Escureceu como a noite,
O meu viver ficou, naquele momento, tenebroso,
Mesmo o sol perdeu seu calor
E a lua ficou sem brilhar por cima do mar
E eu fiquei sem nenhuma chance de voltar a te amar,
Apesar de pensar que aquele amor por você fosse eterno;
Nem o seu retrato eu guardei,
Ele ficou opaco com as trevas nos meus olhos
Com as quais você me presenteou,
Eu e o meu coração,
Que não era forte,
Gritamos ao infinito de dor,
Mas nem ele, nem você, os ouviram,
Só a minha tristeza
E as minhas lágrimas,
Que escorriam pelo meu rosto
E tinham o gosto ruim de se sentir abandonado;
Mas os grilhões romperam-se,
Corroídos pela ferrugem,
Regados pelo tempo
E eu me libertei de você
E isto foi uma vitória sobre a solidão
Mas o espectro da sua lembrança sempre ronda a minha memória,
Voando alto com suas asas angélicas do mau,
E ele tem o seu rosto que eu tanto amei.