A vida é campo de paz e de guerra
Dualidade de sucessos e decessos
de sulcos leves e entalhes profundos
como verso e anverso d´uma medalha
do ontem, do hoje e de todos os dias
dos segundos em que a vida se valha
Soluça no peito, todavia as angústias
no íntimo seio sangramos na batalha
um tanto de nós está sob as sombras
que se amotinam vestidas de mortalha
e se embatem e digladiam imperativas
Nos amofinam ecoando o que já passou
e por mais que o tempo as oxide e esgarce
Mesmo que a próxima aflição hoje passe
Aos olhos do hoje, o pretérito não findou
A vida é de armistícios e escaramuças
de picos bem altos e abissais abismos
Como o verso e anverso da medalha
do ontem, do hoje e de todos os dias
dos segundos em que a vida valha
Soluça no peito alegrias e angústias
no íntimo seio corta o fio de navalha
porque um tanto em nós são sombras
que finadas se amotinam da mortalha
e digladiam com o tempo, imperativas
Nos amofinam com o que já passou
e por mais que o tempo as esgarce
Mesmo que o próximo amargor passe
Aos olhos do pretérito nada se findou
A vida é alternância de sons e silêncio
nosso interior parece que sempre grita
quando ao redor tudo parece emudecer
O paroxismo do nosso hoje é o amanhã
dia inclemente insiste em amanhecer
Sofremos pelo detalhe de cada coisa
Antes da coisa em si efetivamente ser
O emotivo olhar de crivo tão superlativo
Imagina tomarem o céu, escuras nuvens
Quando tempo é calor e o sol arde a pino
Medos que se ocultam no modo subjuntivo
Nos faz ter toda certeza de que vai chover