edson ovidio

POVOADO

Vilarejo de vielas, de  trilhas e caminhos 

pessoas a respirar ar de plena liberdade

Aqui se tem a natureza, tem aves e ninhos 

Aqui se tem a certeza da vida de verdade

longe das fábricas e sentimentos daninhos

Meninos correm pra lá e pra cá, no capinzal

Ninguém tempera de amargo seu coração 

Amiúde, ficam de bem, ora trocam de mal 

Há  dias de sal e açúcar, outros de limão

Fumaça do fogão à lenha, saindo da chaminé

Melodia dos pássaros no caramanchão

Algazarras de piás, vozerio de gente pura

isando a terra escura do chão de massapé

Bougainville de flores todas bem vermelhas

se enroscam no ripado e correm pelas  telhas 

e o vento as faz cair e forrar de colorido o chão

Mulheres risonhas olhando pelas janelas 

Homens no roçado lidando pelo ganha pão

Portas com trincos, escoras de tramelas

de casinhas feitas de barro de pau a pique

 Pessoas cheirando um pouco do seu rapé

O terço na mão de quem se sustenta sua fé 

Para que abunde o riso, transborde e  multiplique 

Que a mesa posta seja sempre farta

Que a fé faça que sempre assim seja e assim fique 

Dedos de prosa a volta da  mesa d\'um tabique

Fumega ao ar o  aroma quente d\'um bom café

Roupas claras quaram ao sol no fundo do quintal  

Outras tantas secam sem pressa no varal 

A intensidade da vida é o que cá ´inda  se  tem

A  natureza, os cheiros de gado e capim no curral

O trinado das aves que lhes fazem tão bem

que voam sem barreiras e livres de mal 

Amém