Vilarejo de vielas, de trilhas e caminhos
pessoas a respirar ar de plena liberdade
Aqui se tem a natureza, tem aves e ninhos
Aqui se tem a certeza da vida de verdade
longe das fábricas e sentimentos daninhos
Meninos correm pra lá e pra cá, no capinzal
Ninguém tempera de amargo seu coração
Amiúde, ficam de bem, ora trocam de mal
Há dias de sal e açúcar, outros de limão
Fumaça do fogão à lenha, saindo da chaminé
Melodia dos pássaros no caramanchão
Algazarras de piás, vozerio de gente pura
isando a terra escura do chão de massapé
Bougainville de flores todas bem vermelhas
se enroscam no ripado e correm pelas telhas
e o vento as faz cair e forrar de colorido o chão
Mulheres risonhas olhando pelas janelas
Homens no roçado lidando pelo ganha pão
Portas com trincos, escoras de tramelas
de casinhas feitas de barro de pau a pique
Pessoas cheirando um pouco do seu rapé
O terço na mão de quem se sustenta sua fé
Para que abunde o riso, transborde e multiplique
Que a mesa posta seja sempre farta
Que a fé faça que sempre assim seja e assim fique
Dedos de prosa a volta da mesa d\'um tabique
Fumega ao ar o aroma quente d\'um bom café
Roupas claras quaram ao sol no fundo do quintal
Outras tantas secam sem pressa no varal
A intensidade da vida é o que cá ´inda se tem
A natureza, os cheiros de gado e capim no curral
O trinado das aves que lhes fazem tão bem
que voam sem barreiras e livres de mal
Amém