Marcelo Veloso

NÃO ALIMENTE UM EGO DOENTE!

 

Toma cuidado com quem fala,

preste atenção, seja previdente,

diante do exaspero, a voz cala:

- Não alimente um ego doente!

 

No argumento não existe apreço,

tudo é considerado indiferente,

a razão não tem fim nem começo:

- Não alimente um ego doente!

 

A mão estendida pode ser um simples ato,

que não passa de um agir indolente,

o descaso é mais um enodoado fato:

- Não alimente um ego doente!

 

Os olhos se enchem de fúria,

e ao mesmo tempo se mostra condescendente,

mas é um devaneio embutido de luxúria:

- Não alimente um ego doente!

 

Perceba que a segurança inexiste,

e o proceder insano é freqüente,

porque a irrelevância sempre persiste:

- Não alimente um ego doente!

 

A defesa é sempre com ataque,

não há consideração, nem sequer ressente,

pode até parecer ter um baque:

- Não alimente um ego doente!

 

Não se vergue a gestos de harmonia,

pode até vislumbrar uma mudança anuente,

mas não passa de enredo, de aleivosia:

- Não alimente um ego doente!

 

Até pedido de desculpa é feito,

formalizado por um esboço clemente,

mas, é apenas para tirar proveito:

- Não alimente um ego doente!

 

A discriminação, às vezes, é velada,

mas, na maioria, é bem estridente,

e não faz nada para ser controlada:

- Não alimente um ego doente!

 

A bondade é uma bandeira de se mostrar servil,

que usa para tentar ser convincente,

mas, não passa de um comportamento ardil:

- Não alimente um ego doente!

 

O social é colocado como um troféu,

para que o emocional se assente,

mas, tudo não passa de uma máscara cruel:

- Não alimente um ego doente!

 

A página da história não muda,

apenas mostra outra leitura aparente,

por isso é bom que não se iluda:

- Não alimente um ego doente!

 

Não dê munição à hipocrisia,

pois só fortalece o indecente,

cesse de vez essa sangria:

- Não alimente um ego doente!

 

A doçura das palavras pode ser um escudo,

para paliar qualquer improceder evidente,

evitando constatar o disparate e o absurdo:

- Não alimente um ego doente!

 

Tudo que faz pensa só em si,

quanto aos outros, é indiferente,

se não consegue o que quer, dá uma baita piti:

- Não alimente um ego doente!

 

O perigo da falsa vontade contamina a razão,

emponderando o ceticismo do subserviente,

que, mesmo discordante, cede à tentação:

- Não alimente um ego doente!

 

A perda do espaço não exclui a pertinácia,

que faz o desabrido, às vezes, reticente,

se atulhando de todo tipo de falácia:

- Não alimente um ego doente!

 

Não se deixe levar pelo entusiasmo,

pois a palavra contida pode se tornar ardente,

e o bom ânimo soçobrar no marasmo:

- Não alimente um ego doente!

 

O arrogo é um prato feito,

de quem melhor que os outros se sente,

dê um basta, não ceda ao deleite:

- Não alimente um ego doente!

 

O que provoca o destempero e a ira,

é a profanidade que está injetada na mente,

negando a verdade e se obdurando na mentira:

- Não alimente um ego doente!

 

Não há fronteiras nem limites,

em que possa considerar paciente,

está sempre a explodir como uma dinamite:

- Não alimente um ego doente!

 

O dia seguinte é sempre temerário,

pois deixa uma sensação iludente,

todo cuidado é preciso, é necessário:

- Não alimente um ego doente!