Toma cuidado com quem fala,
preste atenção, seja previdente,
diante do exaspero, a voz cala:
- Não alimente um ego doente!
No argumento não existe apreço,
tudo é considerado indiferente,
a razão não tem fim nem começo:
- Não alimente um ego doente!
A mão estendida pode ser um simples ato,
que não passa de um agir indolente,
o descaso é mais um enodoado fato:
- Não alimente um ego doente!
Os olhos se enchem de fúria,
e ao mesmo tempo se mostra condescendente,
mas é um devaneio embutido de luxúria:
- Não alimente um ego doente!
Perceba que a segurança inexiste,
e o proceder insano é freqüente,
porque a irrelevância sempre persiste:
- Não alimente um ego doente!
A defesa é sempre com ataque,
não há consideração, nem sequer ressente,
pode até parecer ter um baque:
- Não alimente um ego doente!
Não se vergue a gestos de harmonia,
pode até vislumbrar uma mudança anuente,
mas não passa de enredo, de aleivosia:
- Não alimente um ego doente!
Até pedido de desculpa é feito,
formalizado por um esboço clemente,
mas, é apenas para tirar proveito:
- Não alimente um ego doente!
A discriminação, às vezes, é velada,
mas, na maioria, é bem estridente,
e não faz nada para ser controlada:
- Não alimente um ego doente!
A bondade é uma bandeira de se mostrar servil,
que usa para tentar ser convincente,
mas, não passa de um comportamento ardil:
- Não alimente um ego doente!
O social é colocado como um troféu,
para que o emocional se assente,
mas, tudo não passa de uma máscara cruel:
- Não alimente um ego doente!
A página da história não muda,
apenas mostra outra leitura aparente,
por isso é bom que não se iluda:
- Não alimente um ego doente!
Não dê munição à hipocrisia,
pois só fortalece o indecente,
cesse de vez essa sangria:
- Não alimente um ego doente!
A doçura das palavras pode ser um escudo,
para paliar qualquer improceder evidente,
evitando constatar o disparate e o absurdo:
- Não alimente um ego doente!
Tudo que faz pensa só em si,
quanto aos outros, é indiferente,
se não consegue o que quer, dá uma baita piti:
- Não alimente um ego doente!
O perigo da falsa vontade contamina a razão,
emponderando o ceticismo do subserviente,
que, mesmo discordante, cede à tentação:
- Não alimente um ego doente!
A perda do espaço não exclui a pertinácia,
que faz o desabrido, às vezes, reticente,
se atulhando de todo tipo de falácia:
- Não alimente um ego doente!
Não se deixe levar pelo entusiasmo,
pois a palavra contida pode se tornar ardente,
e o bom ânimo soçobrar no marasmo:
- Não alimente um ego doente!
O arrogo é um prato feito,
de quem melhor que os outros se sente,
dê um basta, não ceda ao deleite:
- Não alimente um ego doente!
O que provoca o destempero e a ira,
é a profanidade que está injetada na mente,
negando a verdade e se obdurando na mentira:
- Não alimente um ego doente!
Não há fronteiras nem limites,
em que possa considerar paciente,
está sempre a explodir como uma dinamite:
- Não alimente um ego doente!
O dia seguinte é sempre temerário,
pois deixa uma sensação iludente,
todo cuidado é preciso, é necessário:
- Não alimente um ego doente!