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Deise Zandoná Flores

Ferrugem

 

As articulações fazem estalidos...
Onde eu deixei o óleo?
O lobo-frio uiva noite afora...
Onde eu deixei os fósforos?

Eu vou envelhecer contigo,
mas antes dessa nobre hora,
eu vou enferrujar contigo.

Esquenta uma água agora.
Um chá bem que cairia bem
para iludir o lobo-vento
que uiva faminto lá fora.

O trem da vida não para, nem retarda.
A manutenção ocorre ainda na corrida.
O maquinista esqueceu de trazer consigo
o óleo, e a maquinaria segue aos estalidos.

Eu só quero andar contigo nesses trilhos,
lenha na caldeira e movimento contínuo.
Antes de envelhecer contigo noite adentro,
eu vou enferrujar contigo vida afora.

Deise Zandoná Flores