Sandro Paschoal Nogueira

O FAUNO

#O   #FAUNO

Sonhei...
Na borra da noite fluindo em ilusão...
Na taça do vinho...
Em trêmula mão...

Floresta de gente...
Em fonte de prantos e risos...
Olhares dissimulados...
Desejos...
Na multidão...
Me desconheço...

Flui a flauta...
Dispersando a névoa densa...
Sentimentos dúbios...
Muito me  interessa...
De onde virá?

Sem uma ruga a perturbar...
Sob os olhos de deboche...
Flertando com a sensibilidade...
Tanto faz...quem me veja...
Não há quem me importe...

Em prelúdio lento porém intenso...
Minha vontade arde...
De latente desejo...

De pé e sob a luz...
Em inércia fingida eis que ali está...
Embriagado pelas uvas...
Sorriso maroto...
Tenho sob seu olhar meu corpo desnudo...

Olhando através da noite...
Na fumaça do tabaco que sobe...
Mente embaralhada...
Prova de que...
Sozinho eu já me ofertava...

Qual será a minha sorte?
Para esse embate, igual a madrugada que me consome...
A pureza já me abandona...
A dúvida, por ventura, se acaba...

De beijos, pelos deuses tão bem guarnecido...
Sem pena de  mim sou seu cativo.
Escorregando em beco lamacento...
No redemoinhos dos ventos...
Entrego-me...

Sob os auspícios dos bagos de uvas...
Tenho minhas loucuras...
Ardem em noites escuras...

Em sua boca sobre a minha, ao meio...
Nossas línguas se buscam desvairadas...
Deixo a vida exprimir-se sem disfarces...
Não pensando em mais nada...

Meu crime foi o de ter...
Por ele ter me deixado vencer...
No rodopio da carne...
Arrastando-me ao prazer...

Sandro Paschoal Nogueira 

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