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Marçal de Oliveira Huoya

Do que importa

Esperam que os poetas falem de amor

Porque no amor há sempre esperança

Alguém ama, outro deseja amar,

O amor é um novo coração de criança

Ai vem o poeta com outros assuntos casuais

Fala do fim, fala do sim, do não, do talvez

Das matemáticas acidentais

Que às vezes um mais um é três

Que meia dúzia não é seis

E traz suas questões existenciais

E todos esperam, e o amor?

Pois não viu? Está lá subentendido

Disfarçado de outra cor

Com acento circunflexo no til

Bem escondido

Pois há quem já tenha amado

E mesmo já tendo passado

É do amor que se quer lembrar

Muitas vezes o amor reflexivo

Fica sentado nos seus silêncios absolutos

E mesmo estando de luto

Ele ainda está vivo

A morte é líquida e certa

E isso a ninguém conforta

Está lá, nos esperando com a porta aberta

Por isso o amor é o assunto preferido

Afinal, quem sabe haja um amor desconhecido

Esperando atrás da porta

E se não tem, talvez aquele que foi

E quem sabe se ele não volta?