Esperam que os poetas falem de amor
Porque no amor há sempre esperança
Alguém ama, outro deseja amar,
O amor é um novo coração de criança
Ai vem o poeta com outros assuntos casuais
Fala do fim, fala do sim, do não, do talvez
Das matemáticas acidentais
Que às vezes um mais um é três
Que meia dúzia não é seis
E traz suas questões existenciais
E todos esperam, e o amor?
Pois não viu? Está lá subentendido
Disfarçado de outra cor
Com acento circunflexo no til
Bem escondido
Pois há quem já tenha amado
E mesmo já tendo passado
É do amor que se quer lembrar
Muitas vezes o amor reflexivo
Fica sentado nos seus silêncios absolutos
E mesmo estando de luto
Ele ainda está vivo
A morte é líquida e certa
E isso a ninguém conforta
Está lá, nos esperando com a porta aberta
Por isso o amor é o assunto preferido
Afinal, quem sabe haja um amor desconhecido
Esperando atrás da porta
E se não tem, talvez aquele que foi
E quem sabe se ele não volta?