edson ovidio

EUS

Meus pés não tocam o agora

Do espelho um estranho mira            

Quando me vejo a mim agora

O medo que de mim transpira

Assusta-me o que vai lá fora

A que destino o temor conspira

No ontem, outro Eu se ancora

O nada é o que mais me inspira

 

Sussurra o futuro no contravento

Murmúrios de um bom plantio 

Sementes voam e vão embora

Vu-uu-uu!

Sopra sibilante vento

Feroz, arrasta , destrói  o plantio

O tempo voraz, sua fome, seu cio

Revolvendo o passado agourento

Calando o meu mais breve cicio

 

Meus olhos seguem o passado

No ontem Minh ‘alma se rende

Numa leira meu Eu se aporta

Lá atrás o tempo me prende

Quantos Eus estão ancorados

No tempo perdido por fim

Quão muito os tenho buscado

Pedaços perdidos de mim