Meus pés não tocam o agora
Do espelho um estranho mira
Quando me vejo a mim agora
O medo que de mim transpira
Assusta-me o que vai lá fora
A que destino o temor conspira
No ontem, outro Eu se ancora
O nada é o que mais me inspira
Sussurra o futuro no contravento
Murmúrios de um bom plantio
Sementes voam e vão embora
Vu-uu-uu!
Sopra sibilante vento
Feroz, arrasta , destrói o plantio
O tempo voraz, sua fome, seu cio
Revolvendo o passado agourento
Calando o meu mais breve cicio
Meus olhos seguem o passado
No ontem Minh ‘alma se rende
Numa leira meu Eu se aporta
Lá atrás o tempo me prende
Quantos Eus estão ancorados
No tempo perdido por fim
Quão muito os tenho buscado
Pedaços perdidos de mim