Há um sentido maior
Do que ser agradável
A arte exige uma continua semeadura
Insensível às estações
Sem expectativas e muito menos obrigações
Da retribuição da colheita
Fere numa lavoura imperfeita
A bonomia de sedas rasgadas
Sementes de niilismo pueril
O espelho constante do vazio
Limões e sempre a mesma limonada
O artista que não pode aprender
Não tem outra opção além de ser egoísta
E andar em círculos pelo nada
Se não se angustia com sua bondosa verdade
Que lhe justifica e lhe afaga
Pela simples vaidade em não se render
Salvos pelo dedo do imperador
Do corte profundo da própria adaga
Entende o verdadeiro gladiador
Que os leões mastigam com absoluta sinceridade
Porque devoram com saciedade
Eis um poeta ranzinza
Que ora renasce, ora se esconde nas cinzas.
A ser admitido na arca sem valia
Prefere o dilúvio ou o exílio
E continuar a escrever poesias
Como um eterno andarilho...