Marçal de Oliveira Huoya

Crescer

Há um sentido maior

Do que ser agradável

A arte exige uma continua semeadura

Insensível às estações

Sem expectativas e muito menos obrigações

Da retribuição da colheita

Fere numa lavoura imperfeita

A bonomia de sedas rasgadas

Sementes de niilismo pueril

O espelho constante do vazio

Limões e sempre a mesma limonada

O artista que não pode aprender

Não tem outra opção além de ser egoísta

E andar em círculos pelo nada

Se não se angustia com sua bondosa verdade

Que lhe justifica e lhe afaga

Pela simples vaidade em não se render

Salvos pelo dedo do imperador

Do corte profundo da própria adaga

Entende o verdadeiro gladiador

Que os leões mastigam com absoluta sinceridade

Porque devoram com saciedade

Eis um poeta ranzinza

Que ora renasce, ora se esconde nas cinzas.

A ser admitido na arca sem valia

Prefere o dilúvio ou o exílio

E continuar a escrever poesias

Como um eterno andarilho...