noi soul

Insônia

 

 

Meus olhos insistem em ser cachoeira

O vento ainda não a dispersou

Sou intensidade altaneira

Inescrupuloso embaraço

Sou o traço

Do riso discreto

Os dentes falhos

A janela aberta

Da imensidão.

Sou estranha às vestes alheias

Mas não sou sozinha

Eu sou multidão.

O meus olhos ainda persistem

Como jarros d’água

Infinitas fontes

A cruzar as pontes da escuridão

Eu sou a senhora

Sou a meninice

Sou a pausa e o pique

Da imperfeição.

Meus olhos reclamam por vida

Os braços não deixam enxergar

A pele tão destemperada

O fogo aterra a água e o ar.

Eu sou incredulidade

Palavra de quem argumenta

Motivos, sentenças, viagens

Ao grão da pura inocência.

Meus olhos

Estão cansados

De tanto verter um rio

A cada segundo

No seu mais profundo

Mar em desvario.