Marcelo Veloso

VRIDO

 

Quando era pequeno, quanta história,

mesmo que não entendesse quase nada,

achava que o vento era apenas um sopro,

que vinha ao longo da estrada.

 

E quando esfriava, era um treme-treme,

dava uma saudade danada do calor,

por mais que esquentasse a água,

melhor solução era enfiar-se debaixo do cobertor.

 

E disso tudo, não dá pra esquecer,

daqueles momentos de invenção,

fosse na hora de fazer alguma coisa,

ou no responder, de pronto, uma argumentação.

 

Quando, então, no calor, o pai sorridente perguntava,

não tinha vez para nenhuma mágoa:

- Tú tá comendo “vrido”, menino?

- Não, Pai, tô chupando é “preda” d’água!