Aos 10 anos fiz minha primeira peneira,
não aquela que seleciona arroz ou café.
Mas, a que era teste com bola e chuteira,
no único esporte que tinha um rei, Pelé.
No primeiro teste num campo profissional,
nem fui notado, mas, conheci o gramado.
E, para jogar no dia, aceitei ser lateral
e esquerdo, posição que nunca tinha jogado.
Novo teste chegou depois, numa tarde de sol.
Consegui a posição desejada, meia esquerda.
Lancei, passei, driblei, só não marquei gol.
O técnico aprovou meu teste, sem fazer cera.
Fiquei doente, seis meses longe do futebol.
Recuperado retornei ao responsável do time.
\"Suma daqui!\", foi o que duramente decretou.
Não foi fácil não, mas, também, foi sublime.
Aprendi que na vida todo dia é um jogo,
e nele podemos aprender lições divinas.
Uma delas é: jogue se você não está morto,
jogue, até que sejam fechadas as cortinas.