Gisele Cunha

Vida de seu Leôncio

 

Eu sou um senhor, um \"velho mendigo\" como sou conhecido minha morada é a rua, meu alimento aquele lixo fedorento

Que ninguém quer passar por perto

Minha melhor companhia é meu cachorrinho de estimação

O nome dele é Sereno, tive a ideia de chama-lo assim, porque é na serenidade da madrugada que penso

Deitado debaixo de um viaduto, o chão ríspido do asfalto, coberto com papelão...

Já tive uma família, mais viviam brigando comigo por conta do meu vício, as vezes para esquecer os problemas bebia o dia inteiro

Fiquei assim depois que perdi minha filha caçula, em um acidente de carro

Quem estava dirigindo naquela noite chuvosa de pista escorregadia foi eu, fiquei com esse sentimento de culpa

E nunca mais consegui dirigir meu carro

Ela era minha flozinha, amava do tamanho do mar infinito

Tinha um emprego ótimo, empresário bem sucedido ganhava muito bem...

Minha família, era como aquelas dos comerciais de margarina.

Mas aqui na terra as coisas modificam em um piscar de olhos

Para não vê minha esposa, e meus outros dois filhos, sofrendo

Resolvi me jogar no mundo, e viver somente comigo mesmo

Não tenho mais nada a perder

Ainda sobrevivo sobre meu corpo sofrido

Não sei até quando a vida vai me suportar

Mas sigo, nesse destino solitário 

Meu único acalento é quando o dia amanhece, o sol aparece

E ainda sei que estou vivo, tendo a certeza que consigo respirar.

 

Autora: Gisele Cunha