Eu sou um senhor, um \"velho mendigo\" como sou conhecido minha morada é a rua, meu alimento aquele lixo fedorento
Que ninguém quer passar por perto
Minha melhor companhia é meu cachorrinho de estimação
O nome dele é Sereno, tive a ideia de chama-lo assim, porque é na serenidade da madrugada que penso
Deitado debaixo de um viaduto, o chão ríspido do asfalto, coberto com papelão...
Já tive uma família, mais viviam brigando comigo por conta do meu vício, as vezes para esquecer os problemas bebia o dia inteiro
Fiquei assim depois que perdi minha filha caçula, em um acidente de carro
Quem estava dirigindo naquela noite chuvosa de pista escorregadia foi eu, fiquei com esse sentimento de culpa
E nunca mais consegui dirigir meu carro
Ela era minha flozinha, amava do tamanho do mar infinito
Tinha um emprego ótimo, empresário bem sucedido ganhava muito bem...
Minha família, era como aquelas dos comerciais de margarina.
Mas aqui na terra as coisas modificam em um piscar de olhos
Para não vê minha esposa, e meus outros dois filhos, sofrendo
Resolvi me jogar no mundo, e viver somente comigo mesmo
Não tenho mais nada a perder
Ainda sobrevivo sobre meu corpo sofrido
Não sei até quando a vida vai me suportar
Mas sigo, nesse destino solitário
Meu único acalento é quando o dia amanhece, o sol aparece
E ainda sei que estou vivo, tendo a certeza que consigo respirar.
Autora: Gisele Cunha