TARDE DE DOMINGO
E as ondas numa dança
Vai e voltam desde sempre
Fortes como uma rocha
Na beira do mar, tão singela
Tão calma que quase não sentimos.
Queria eu encontrar-me com aquelas águas.
As mesmas que banharam minha consciência.
Sua refrescância me acordou
Seu movimento me fez mexer.
Me esvaziei de tudo
Só assim compreendi o nada
Mesmo de tudo sabendo
Queria aquelas águas,
As mesmas daquele dia.
Fui até as profundezas
Nos lugares impossíveis
Pois mesmo tudo tendo
A minha sede era daquelas águas
Mais os movimentos incertos
De uma dança qualquer
Me deixaram a deriva
E as marés se tornaram turbilhões
De uma ressaca eterna
Lá no horizonte o cais
No porto um navio
No fundo do mar, tesouros
E em meus olhos tua imagem:
As águas do mar revolto.