As coisas que mais me incomodam no outro
são os reflexos de luzes da minha escuridão
a ausência que mais sinto falta num deserto
é a inexistência das flores que não semeei
Eu clamo por amor, harmonia e paz na terra
Porém em meu peito bate conflitos e guerra
Dói-me as dores do oprimido na luta pelo pão
ao opressor fogo-amigo sigo na fila do beija-mão
Grito pelos direitos das vozes do contraditório
mas que sejam eco d\'um repertório como o meu
Eu discurso bom tom de caridade e compaixão
mas meu peito só se apieda por gente doutro chão
Eu espero que haja silêncio em meu entorno
Porém o vozerio da mente não cessa de gritar
nem consigo ouvir a voz do meu próprio coração
São tantas as causas pelas quais eu ora busco
Sem senso crítico perco-me nesse Lusco fusco
de pensamentos requentados e de segunda mão
dos quais tampouco ponderei ou lhes sei a direção
Diante do espelho tão sério encaro amigo meu ego
Suas vontades, teres e quereres do egoísmo cego
minha desarrumada gaveta de ventura e desventura
cumes, vales e abismos da vivencia da caixa de Lego