Me vi sem porquê
Agradecendo a mim mesmo
Por ter sem querer
Ao que me contento
Ingrato por ter
O pouco que tenho
Se tenho que agradecer
É porque já não tento
Tentar não querer
E por isso me ordeno
A ter sem pra quê
O pouco que tenho
Coragem pra ser
Me falta, então sento
Sentindo o prazer
Da presença do medo
De ter e perder
O pouco que tenho
Devia me abster
Do jeito que almejo
Ser, e poder
Guardar o segredo
De não mais querer
O pouco que tenho
O muito que é ver
O tudo que entendo
Inunda o nascer
Do pior pensamento
Por isso há de haver
O pouco que tenho
Pesado é dever
Doar o silêncio
Fazer parecer
Um sonho perfeito
Então, a sofrer
O pouco que tenho