ILUSÃO E FORMOSURA
Não faz muito tempo, musa deste soneto,
Que a tua beleza em rimas eu exaltava;
Todo o meu canto para ti se encaminhava,
Do primeiro quarteto ao último terceto!
Eras então para o poeta um minueto
Em cujas notas clássicas o amor bailava;
E deste amor que o trovador te consagrava,
Nasciam liras de cantatas em concerto!
Insensata paixão que a alma cega e arrebata,
Que somente enxerga do corpo a arquitetura
E não vê nem sente d!alma a vaidade inata!
Mas, por que canta o vate esta canção impura,
Se já sabia que cantava em serenata,
Uma ilusão que se encarnou em formosura!
Nelson De Medeiros