Nelson de Medeiros

 ILUSÃO E FORMOSURA

 ILUSÃO E FORMOSURA
 
Não faz muito tempo, musa deste soneto,
Que a tua beleza em rimas eu exaltava;
Todo o meu canto para ti se encaminhava,
Do primeiro quarteto ao último terceto!
 
Eras então para o poeta  um minueto
Em cujas notas  clássicas o amor  bailava;
E deste amor que o trovador te consagrava,
Nasciam  liras  de cantatas em  concerto!
 
Insensata  paixão que a alma  cega e arrebata,
Que  somente enxerga do corpo a arquitetura
E  não vê nem sente d!alma  a vaidade inata!
 
Mas, por que canta o vate esta canção impura,
Se já sabia  que cantava  em serenata,
Uma ilusão que se encarnou  em  formosura!
 

Nelson De Medeiros