Vaidade inútil
Em atender a um aceno fútil
Em ser chamado pelo nome
Sendo apenas um homem
Romeu, o que compartilhou o veneno.
Somente o dedo da posteridade
Poderá acusar um poeta
De ter sido poeta
Poderá contar a verdade
Somente o tempo
Terá o dom do julgamento
Porque essa é sua sina
Essa é sua sorte
Ser despertado do sonho da morte
Só e apenas;
Somente quando estiverem seus poemas
Espalhados e insepultos
Ignorados e pouco lidos
É que se erguerão monumentos
Ao soldado desconhecido
Acossados pelos versos e seus vultos
Somente com seu silêncio absoluto
Se ouvirão seus pensamentos
Seus corpos estarão mortos
Mas seus tormentos e seus livros
Estarão vivos
E viajarão além do tempo...