O homem, animal primitivo.
O homem, verme instintivo.
Não preenche a si mesmo, ínfimo que é.
Fome insaciável disfarçada de fé.
Como pode o homem se tornar melhor.
Se carrega no íntimo o que há de pior.
Como deve então o homem proceder.
Nunca foi lhe dada a chance de escolher.
Levantar da cama, subir uma escada.
Cruzar um oceano inteiro a braçadas.
Esperar a sua vez na fila da sorte.
Tal qual navegante que perdeu o norte.
É tão inútil quanto tentar escapar da teia.
Desprezar quem lhe ama, amar quem lhe odeia.
É tão fútil quanto acumular talentos.
Domar um furacão, escravizar seus ventos.
Já que o universo não passa de um reverso.
E toda dor não cabe em um verso.
Arruma tuas coisas, e parte em debandada.
Pois nada vale a pena, tudo termina em nada.