Na proa de um navio
Que desliza num mar onde o amor
Quer mergulhar e nadar em direção a ela,
Canta alto um cantor amante, solitário e amargurado,
Enfeitado com uma flor na lapela,
Canta para as ondas,
Para os anjos do céu,
Para ela que não quer ouvi-lo
E está muito distante
E, como um infante, esconde-se,
Porém, atrás do véu do silêncio,
Bem para lá do rio que despeja o olhar enamorado dele no mar,
Sem nunca se cansar de arrastar suas águas,
Mas o encanto do seu canto perfura sua amargura
E o amor penetra nela
E a arrasta em direção a ela,
Que o espera para dizer-lhe adeus
E ele, mesmo amando, continua solitário,
Agora magoado,
Canta na hora de seu abandono,
Chorando e olhando o retrato dela numa praia,
Que não se importa com a insistência do mar
Na sua monotonia em quebrar as suas ondas carregadas de amor sobre ela,
Mas com a longa distância até o horizonte,
Pois, depois dele, está o coração dela,
Aonde seu canto de amor não chega,
Além do mais, ele não tem porta nem janela,
Então a luz do sol não entra nele,
Nem a alegria e a paz do amor,
Mas aquele cantor, triste, solitário, magoado
E apaixonado
Ë teimoso e continua cantando,
Mesmo sem o amor dela morando no seu coração,
Mas a sua imorredoura paixão por ela
Abre a sua boca e afina a sua voz
E faz brilhar as flores vermelho-carmim,
Que florescem num jardim antes do mar,
E elas, assim como ele, só querem amar
A ela e enfeitar os cabelos dela,
Que era um tesouro de ouro para ela
E ele só queria que ela sorrisse
E sentisse amor por ele.