Ema Machado

A cada novembro...

A cada novembro...

 

Teimo em não querer ouvir passos do tempo

Deambula, deixando pegadas em silêncio

A cera queima, o pavio verga em cinzas

O tempo fadário, encurta a cada novembro

É vela insuficiente...  Não vivi tudo, ainda é verão

Persiste a chama, alimenta-se de manhãs

Ainda que sejam tempestuosas, a mente é sã

Não quero lamentar, o tempo que escorreu

Há marcas profundas, mas, habito essa pele

Dentro dela, a alma criança se escondeu

Brinca de pique esconde, pula amarelinha

Canta canções de ninar, histórias aprendeu

Horas também são como criança, brincam de ciranda

Nenhuma envelheceu, não contam dias

Nem ouvem os passos do tempo

Tempo que anda, por mim passeia

Vejo, suas pegadas na pele

Como passos deixados na areia...  

Ema Machado