Assim como as falas, há na boca um amargo que não saliva, que não se diz. Calada.
Um gosto que sinto quando me torno sozinha, me torno eu, apetite de mim mesma, provo às vezes esse corpo pesado, meus gestos, por vezes me torno somente eu, sem precisar de ninguém, ninguém observando minhas falas, meus defeitos, posso por fim, erguer a blusa que veste o corpo e esconde a alma, posso despir-me do olhar do outro, frente a mim mesma, repouso sobre o sol que queima lento toda a grande parte de mim que já se foi.
Não sei vocês, mas a minha solidão é reverenciada, eu a espero, como quem não suportasse mais ter que compartilhá-la, eu a espero, com a ansiedade que chego em casa, abrir finalmente as portas de mim mesma.
Eu a espero, solidão, como quem espera um encontro com sua alma gêmea, de ter finalmente à encontrada.