MORRENDO PRA VIDA E
PRA MORTE VIVENDO
(Elfrans Silva)
Madrugadas de Silvos e ventos
A sós com os meus pensamentos
Num \"raio\" resumo o tempo da vida
O choro no berço com a companhia
Daquela que deu início aos meus dias
De todas as faces, a mais querida
A brevidade do colo materno
Pra condição de menino interno
Tiraram do filho a guarda dos pais
Se abriu um caminho improvisado
Onde por outros seria amparado;
Da vida à tumba, um palmo à mais
De volta ao lar, o rebento, pueril,
Vê frente à frente, primaz desafio,
Sonho de amor, e paixão inocente
Fausto no campo de aventura
Já não é mais aquela criança pura
Apenas um jovem de alma carente
Sonho por sonho e desilusão
Bate que bate, meu coração
Pejos e dores substanciais
Casos de amores ignorados
Dotes e flores, resignados
Do amor à tumba, palmos a mais
Amigo infiel, aleive, dublez...
Mal sobre mal, vem d\'uma só vez
Paga do prêmio, infeliz sociedade
Quebra o arco e quebra a lança
Trato cruel, torpeza e ganância
Arriam mais palmos pra eternidade
Ódio e amor, falácia e negócio
Alma e matéria, irado ou dócil
Lados humanos e espirituais
Pecados e bens das criaturas
Cavam os palmos das sepulturas
Sob os sete e nenhum palmo a mais
Sábio conselho do rei Salomão:
\"Guarde as saídas do teu coração
Dele procedem as fontes da vida\"
Amar, não amar, tá sujeito ao tempo
Por isso à noite, no meu pensamento
Escolho viver a paixão mais doída
Morrer de amor, ou morrer por amor
Em suas facetas, seja como for,
Vou, pouco a pouco, na vida morrendo
Assim, assumo a responsabilidade
À sete palmos da eternidade
Morrendo pra vida e pra morte vivendo