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Paulo Roberto Varuzza

Por amor a ela, eu fugi dela.

Por amor a ela

Eu deixei o meu orgulho escondido

Atrás do retrato dela que dominava a estante

Logo abaixo da janela de meu quarto

E, no mesmo instante, fui mendigar o amor dela,

Mas senti o olhar e as mãos brancas e imaginariamente

Suaves e belas dela, romperem a pele e os ossos do meu peito

E manipularam e brincaram com o meu coração

Com a intenção de não o deixar sonhar e não desejar nunca mais

Um simples abraço dela,

Então eu fugi dela e sentei próximo a um cais

Para ver a imensidão do mar e o deslizar calmo dos navios

Que vinham de longe, de uma distância menor da que ela me fazia sentí-la

E se protegia no silêncio, a alma dela e ela,

Que segurava o meu coração nas mãos

Enredando-o com seu desejo de calá-lo;

Mas eu até pensei em pular naquele mar

E lavar a minha roupa suja de sangue e de lágrimas de dor

Por um amor condenado á solidão do fundo do mar

E o afogar,

Mas ele sobreviveu;

Iluminado pela luz do sol de dia

E pelo luar à noite,

Ele, alimentado pela luz,

E que só queria voar até o céu de mãos dadas com o amor dela,

Encoberto agora pelo véu escuro e penetrante do olhar dela,

Jamais voou e morreu com o adeus dela,

Perto do mar e amarrado com cordões de tristeza

E de flores à terra

E ao meu coração,

Que foi jogado ao chão e pisoteado pelos pés lindos dela,

Mas agora, sem o peso do amor por ela,

Que, morto, murchou e se soltou das amarras,

Subiu vagarosamente e ao meu peito,

Para amar novamente.