Thiago R

Recamada por brumas passageiras...

Recamada por brumas passageiras,

Num silêncio de agruras e livores,

Tinhas na face roxas as olheiras,

Revelando-se ao brilho dos palores. 

 

Imaculada rosa dos verdores,

Que brotaste nas horas derradeiras;

Ao vento frio, aqui, quando tu fores,

Serás lembrada alva como as freiras. 

 

E como tu também sigo esperando,

A morte em teus braços embalando,

Ao cântico sombrio das velhas árias...

 

Meu corpo hirto pelo horto nevoento,

A carregar-lhe um dia, sonolento,

Pelas caladas ruas tumulárias. 

 

Thiago Rodrigues