Ednei Pereira Rodrigues

Deixo de existir

Anonadar

 

 Anoiteço anômalo

 Por sua ausência

 Indiferença como sentença

 Doença no intervalo

 Antes da meia-noite

 Abscindo um membro

 Nem lembro do açoite

 Acomodatício no fronte

 Mutilo os itens supérfluos

 Improfícuo flúor

 Agora anodonte

 Muitos anos taciturno

 Sem manifestar o riso

 Na trissecção que diviso

 Ainda sussurro

 Anóleno no vazio

 Sem cingir seu corpo

 Curvilíneo no dorso

 Anorteia eu anfíscio

  O trívio é anfracto

 Anódino cacto

 Clunâmbulo no fim da beira

 O Sol raiou em seguida

 Nictêmero pensando em você

 Necrose precoce

 A solidão é animicida

Indiferente à tudo

 Deixo de existir

 Precoce esclerose

 Faltou a heutognose

O externo sem reagir

 Posso parecer profuso

 Quando o prolapso mostra um coração lasso

 Polirrítmo confuso  

Quebrou-se o esterno

 Pernas curtas

 Asas longas

 Os olhos mostram o hesterno

 Dizem o que o coração não sente

 Depois de mais de uma hebdômada sem ti ver

 Hecatombe para corroer

 Quando pertencemos a mundos diferentes

 Minha órbita sem apodo

Seu orbitelo cômodo Ocasiona o êxodo dos ausentes

 Hesito agir conforme

 A hediondez dessa desvirtude

 Através da hebetude

 Encontro-a disforme

 Conforto sem confronto

 Talvez você não seja tão insensível

 Quando traz a procela do ártico invisível

 Para transbordar o probático desse desencontro

 Tento defendê-la do invisível

 Neste postrídio

 Continuo no vácuo inatingido

 Seus polícomos me cobrem do excídio.

                                                        EPR