Carlos Lucena

CORPO EM GRITO

CORPO EM GRITO

A carne é só o grito
Castiga o corpo
Massacra as células.
É o sangue borbulhando
E macerando nas veias o torpor
A lânguida e voraz
Volúpia do ser carnal.
Esse grito 
Não é a suave
Sensação, 
Inefável rito
Daquilo que transborda o coração
Nem é a suave brisa
Da poesia em profusão.
É fogo bravo
Vulcânico ritual
Sucessão de lavas
A correr em rios
E nem ao menos
Estancar se pode
A impiedosa luta que sacode
A guerra eterna de seus nervosos cios.