noi soul

ImpermanĂȘncia

Devo refletir sobre a minha

- Inequívoca!

capacidade de não permanecer?

Devo buscar explicações rebuscadas

- E até insanas!

para compreender os meus excessos?

 

Não busco por sentidos...

Apenas acolho palavras

como quem tem fome

- Não! Eu não como!

Igual a quem tem fome

- Era o que eu deveria ter dito!

e vê uma linda macieira

repleta de maçãs lustrosas.

 

As palavras estão lá, penduradas

Esperando que alguém as arrebate

- Ou seria arremate?

Pouco importa…

Algumas maçãs já foram bicadas

por pássaros famintos

- Impossível de aproveitar qualquer lasca!

Outras estão incólumes, brilhantes, perfeitas

mas na primeira mordida

- Oh, que decepção!

notamos a textura estranha…

- Não encaixa no paladar em ânsia!

 

Há uma luta pela palavra perfeita

Pela fruta da macieira que se entregará pura

- Ingênua, macia, cheirosa, saborida

e cairá no corpo faminto e desejoso

e será contemplada como o mais puro ouro

- O melhor dos prazeres!

 

Passarei a vida em busca desta maçã

tão doce, sutil e verdadeira.

Quando ela adentrar os meus lábios

não me entregarei a mais ninguém...