Nos ouvidos do vento que nasce com o crepúsculo
Eu deixei o meu grito de amor
Com o nome dela
E com a esperança que ele a alcançasse
Na enorme distância que separava ela de mim,
Mas ela não foi atingida por ele,
Quanto eu sonhava com ela, minha amada,
Com os olhos inertes dela, onde a luz do sol não morava,
Sem brilho, sem calor e tristes,
Mas que cintilavam como as estrelas no dia em que a conheci
E eu me apaixonei por eles;
Com a sua pele clara que resplandecia com o clarão
Brumoso da lua, pálida e fria
E eu me apaixonei por ela;
Com seus lábios
E eu me apaixonei por eles;
Com um seu abraço,
Mesmo na distância que nos separava;
Quando a terei nos meus braços?
Quando a beijarei?
Mesmo em sonhos a vontade dela
Mandava que o meu barco carregando o meu coração apaixonado
Enfrentasse as ondas do mar
Antes que elas beijassem as pedras
Onde eu gritava o nome dela em vão,
Onde eu e a solidão dávamos as mãos
E o barco, fugindo das pedras, soçobrou antes de atingir o porto
E nunca foi amarrado no coração dela;
Minha amada,
O céu é pequeno para abrigar o meu amor,
Só eu sei o quanto sofri imaginando-a com outro,
Mas o vento não a alcançou,
Assim o meu grito morreu como o dia no crepúsculo
E ela não o ouviu,
Aconchegada que estava nos braços de outro,
Minha amada.
Escondida de mim na distância entre as estrelas e eu,
Inalcançável, mas não para o pensamento,
Que a alcança e a traz à lembrança,
Mesmo que uma flecha disparada pelo olhar severo dela
Atinja o meu coração
E crave nele a sua ponta de ferro
O terror de viver sem ela é maior do que a dor
E ela, na sua distância, povoa a memória
Com sua imagem bela e uma vez radiante
Mas sem o brilho do reflexo colorido de um diamante,
Admirado em frente à uma vela,
Não a que impulsiona o barco que naufragou,
Com o meu coração que a amava no porão,
Mas a que ilumina o retrato dela,
Foi o que sobrou de uma imorredoura paixão,
Mas que foi morta por um adeus dela,
Minha amada,
Adeus.