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Paulo Roberto Varuzza

Minha amada

Nos ouvidos do vento que nasce com o crepúsculo

Eu deixei o meu grito de amor

Com o nome dela

E com a esperança que ele a alcançasse

Na enorme distância que separava ela de mim,

Mas ela não foi atingida por ele,

Quanto eu sonhava com ela, minha amada,

Com os olhos inertes dela, onde a luz do sol não morava,

Sem brilho, sem calor e tristes,

Mas que cintilavam como as estrelas no dia em que a conheci

E eu me apaixonei por eles;

Com a sua pele clara que resplandecia com o clarão

Brumoso da lua, pálida e fria

E eu me apaixonei por ela;

Com seus lábios

E eu me apaixonei por eles;

Com um seu abraço,

Mesmo na distância que nos separava;

Quando a terei nos meus braços?

Quando a beijarei?

Mesmo em sonhos a vontade dela

Mandava que o meu barco carregando o meu coração apaixonado

Enfrentasse as ondas do mar

Antes que elas beijassem as pedras

Onde eu gritava o nome dela em vão,

Onde eu e a solidão dávamos as mãos

E o barco, fugindo das pedras, soçobrou antes de atingir o porto

E nunca foi amarrado no coração dela;

Minha amada,

O céu é pequeno para abrigar o meu amor,

Só eu sei o quanto sofri imaginando-a com outro,

Mas o vento não a alcançou,

Assim o meu grito morreu como o dia no crepúsculo

E ela não o ouviu,

Aconchegada que estava nos braços de outro,

Minha amada.

Escondida de mim na distância entre as estrelas e eu,

Inalcançável, mas não para o pensamento,

Que a alcança e a traz à lembrança,

Mesmo que uma flecha disparada pelo olhar severo dela

Atinja o meu coração

E crave nele a sua ponta de ferro

O terror de viver sem ela é maior do que a dor

E ela, na sua distância, povoa a memória

Com sua imagem bela e uma vez radiante

Mas sem o brilho do reflexo colorido de um diamante,

Admirado em frente à uma vela,

Não a que impulsiona o barco que naufragou,

Com o meu coração que a amava no porão,

Mas a que ilumina o retrato dela,

Foi o que sobrou de uma imorredoura paixão,

Mas que foi morta por um adeus dela,

Minha amada,

Adeus.