Jose Fernando Pinto

Cinquenta estações

Aproximando o fim do outono, eu aqui cheio de sono começo a pensar na vida, em todas as estações que atravessei, invernos e verões, com luzes, sol e apagões que pouco a pouco construiu minha personalidade. Não sou artista, não sou atleta, às vezes digo que sou poeta, porque nas palavras encontro conforto e enquanto não estiver morto, com elas eu vou brincar.

 

Não sei voar, não sei nadar, mas depois de tantas estações atravessar, algumas coisas eu entendi, cada estação é um aprendizado, cada coração, um mundo encantado, cada pessoa que encontrei vida afora, ensinou-me um predicado. Pode parecer bobagem, mas a vida é uma viagem, cada estação um ponto de partida, eu ainda não sei onde é a chegada, mas garanto, deve ser divertida.

 

Eu nasci no inverno, dias curtos, noites frias, costumo usar essa imagem para ilustrar a paisagem e escrever poesias. O inverno tem um sabor especial, parece aproximar corações, dá um novo gosto ao vinho, ressignifica o substantivo carinho, mancha as manhãs com a serração, e diferente do verão pinta o céu de estrelas.

 

O verão por sua vez, acorda o sol mais cedo, traz brilho e espanta o medo, aquece o peito com seu calor, parece ter cheiro de flor e pinta o céu com passarinhos. Às vezes o verão traz a chuva, que cai como uma luva, e quando os dias estão mais quentes, a chuva molha, brota sementes, deixa as plantas contentes e enche os nossos rios.

 

O outono vem em seguida, troca as folhas das árvores, renova a vida, parece controlar o vento, às vezes brisa, às vezes forte, o outono do sul ao norte, amanhece e anoitece de forma precisa. Da primavera não há muito o que dizer, tantas flores, tantas cores para o mundo entreter, eu na janela olho a aquarela e tento sempre aprender, quando entrar setembro, eu me despeço do inverno e volto a florescer!

 

Jose Fernando Pinto