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Noi Soul

Ressignificância

Sou o revés de mim mesma
Sou a mão que açoita minha solidão
Sou o pesar do desespero
Sou a vida da morte em vão.

Eu sou o grilhão que prende a liberdade
Sou a pátria enfurecida
A vaidade!
Sou o pesadelo dos que dormem assombrados
Sou o estômago revolto
Revirado!

Sou a penúria da escassez
Que murmura
Sou o sentir da falta de sentimentos
Sou a paisagem da beleza
Enfeitada
Eu sou a sombra do próprio
Tormento!

Sou o escândalo da noite
Faceira
Sou o perfume, em cândido ardor
Sou a mortalha que prende o meio
Sou estranheza banhada em torpor. 

Sou a fronte acesa do fogo
Sou o extremo oposto do sol
Sou a figura em transe no rosto
Sou o temporal no fim do arrebol.

Eu sou o inverso do início
Sou o fim do começo 
Do precipício
Sou a incerteza da minha razão
Sou o céu azul da escuridão

Eu sou o buraco que não se esconde
A teia de aranha que engole o mal
Eu sou a tempestade do vento suave
Sou a certeza do vendaval

Sou a persona grata non here
Sou o pudor da vergonha em mim
Sou o estrago do próprio embaraço
Sou o nó que desfaz o laço...

Eu sou a intensidade da monotonia 
Sou o cansaço da alegria
Sou a temperança da própria raiva
Sou a paixão lasciva e viva. 

Sou a contradição aos pedaços
Sou o som da mudez no espaço
Sou a pedra no meio do caminho
Sou a bebida do meu desalinho.

Sou o revés de mim mesma
Sou a mão que açoita minha solidão
Sou o pesar do desespero
Sou a vida da morte em vão.