Talvez um daqueles domingos
em que se acorda surpreendido
pelos sons dos pingos da chuva
na janela
Depois de um sonho
da vida tanto mais bela
num dia de muito frio
em que a gente faz juras
a si mesmo então chora um rio
fuçando gavetas do tempo
sentindo ausências
agruras e ternuras
instando saudades fragmentos de lembrança
que a gente busca e junta
num grande quebra-cabeças
nas molduras do tempo
o efêmero de outrora
as flores de não-me-esqueças
num tempo sem tempo
outro dia
uma outra hora
um outro agora
o destempo
o cheiro da terra molhada
quando a chuva vai embora
o som do vazio
o estio
o agora