Rafael Marinho

A fábula do moicano azul

Os animais da floresta respeitavam muito o leão, mas isso foi antes de ele fazer um moicano azul no cabelo. Dessa vez, eles não podiam concordar com um vacilo desses do seu rei.

Aliás, por coincidência, a majestade se chamava Temer. Sendo assim, os outros animais resolveram protestar contra ele, pendurando várias faixas entre as árvores.

\"Não queremos mais o rei Temer\", \"Você não respeita as tradições\", \"Volte com sua juba\".

Só que a lei não permitia pendurar faixas contra o governo, apenas anúncios e frases de incentivo.

Então o rei, com seu moicano azul reluzente, foi até o local e rasgou em pedacinhos todas as faixas. Em seguida, foi dormir com um sorriso de orgulho no rosto, crente crente que tinha acabado com seus opositores.

Mas, no dia seguinte, a floresta estava tomada por faixas de novo. Dessa vez, elas diziam: \"Temer jamais\".

Então, o rei, ao saber daquilo, ficou muito bolado e foi falar com os seus conselheiros: \"Não é possível, vou lá novamente e acabar com essa bagunça\". Mas seus conselheiros disseram: \"Você não pode\".

\"Ué, mas por quê?\"

\"Porque, pela lei, não é um protesto. É só uma frase de incentivo\".

Então, o rei pensou: \"Temer jamais..., temer jamais... é verdade. Mas que droga!\"

Só que, além de pensar, ele não pôde fazer mais nada, porque até o rei, com seu moicano azul reluzente, estava sujeito à própria lei.

Moral da história:

Não desanime no primeiro obstáculo. Se plano A não deu certo, lembre-se: o alfabeto tem 26 letras. E, por via das dúvidas, jamais faça um moicano azul.

- de Rafael Marinho

04/05/2020