//meuladopoetico.com/

Paulo Roberto Varuzza

Amar novamente

Quando eu ainda a amava

Eu desejava que ela me amasse

Como eu a amava,

Mas o seu adeus foi uma alforria

Para quem a amava e sofria ao vê-la

Atender com dengo aos que não a amavam

E o passe na roupagem de um adeus

O meu coração apunhalado pelo adeus dela

Usou-o para pegar o trem

Cuja primeira parada era além-solidão,

No império do amor,

Que não tinha nobreza nem exército,

Numa pequena estação onde não embarcava ninguém

Para o fim da linha

Pois seu destino era o de um mar de lágrimas,

Choradas por quem não desceu naquela pequena estação

Mas desembarcavam corações

De homens e de mulheres que queriam amar,

Lá havia um jardim com muitas flores

E uma infinidade de bancos,

Dispostos, cada um assim,

Em frente a várias flores

E os olhos dos que tinham encontrado um amor

Deleitavam-se vendo todas aquelas flores

E suas cores mil,

E as mãos, que acariciavam um amor,

Podiam colher flores para dar de presente, sem nenhum pudor,

Como demonstração de ternura e amor,

Naqueles bancos o que era sonho realizava-se e se amava.

Lá se conseguia amar o amor,

Lá não havia lugar para mágoas e angústias,

Que ficavam no bagageiro do trem,

Depois de ver tanta felicidade

E livre do peso da mágoa,

Que bloqueava as suas asas,

O meu coração andou e voou,

Até a próxima parada do trem;

Mas voltou daquele lugar

Transbordando de esperança e de alegria

E abrigou um novo amor

Com a cor da felicidade,

Que encobriu com o seu manto

O adeus dela

E colocou na janela as flores nascidas de uma semente,

Que ele trouxe de lá,

Para todos verem que, com ternura,

Ele amava novamente.