Heranças de uma vivência...
Conhecia-me mais que eu, a mim mesma
Seria loucura, dizer que sou indiferente a esta certeza
Sinto-me a concha vazia
Sem nada que preencha o espaço da pérola que aqui havia
Carregava, todos os sentidos do mundo
Hoje falta apenas um, mas, todos os outros, tornam-se nenhum
Nenhum que satisfaça, tudo é tão volátil...
Traços do que vivemos, permanecem em todo lugar
Não consigo olhar o pôr do sol, sem que nele, veja tua forma de ver
Nuanças diversas, torna-se herança peculiar
Nas pálidas manhãs, também o vejo
No ar que não resfria minha pele, para a tua, a geleira...
O vento sarcástico, ao revirar os meus cachos
Como rias! Por ver-me tentar a apascentar- los...
Nuvens passam, sem que agora as veja
Também os dias...
Sozinha, ainda conto passos...
Caminho, sem ter onde chegar
Sou folha de outono, solta no ar...