R.Capuano

Me de sua mão

As dores da noite, visita constante,agenda

marcada,gemidos espremidos.

Quarto vazio, pensamentos sombrios,choro, rosto sufocado em um travesseiro macio.

Palavras,quase uma súplica... elas vão, as respostas? Sempre vem,às vezes tarde demais, preciso dormir, única força pra fugir. 

Solidão todas as noites,porta aberta, alguém sempre entra, é o vigia, talvez para ver se o gemido cessou.

Mais um dia chegou,viro de lado,ouço passos, comprimidos nas mãos,sem falar muito,os olhos não saem do jornal.

Tomo logo essas drogas, não são poucas,mas efeitos? não faz,todas amargas... gosto de fel.

Vira as costas vai embora, nenhuma palavra, só notícias em um jornal de muitas páginas... ainda bem, notícias? não quero saber

Observa, vigia,quer saber, tudo sabe nada vê, deixa a porta aberta...eu sei porque.

Mensagens enviadas,letras trocadas sem vírgulas, poucos acentos, tenho pressa.

 Visão confusa, teclado batido...vou esperar, resposta não vem, acho que leu.

Resposta não chega, leu não respondeu,continuo a escrever,vou apagar...o vigia já vem.